importante conquista....
Alguns movimentos gays do Brasil, inclusive o influente GGB(Grupo Gay da Bahia) estao achando muito pouco esta nomeação. dizem que isto é apenas uma atitude simpática do governo. Eu acredito que, claro, podemos muito mais e merecemos, mas sei que em nossa realidade nao temos tantas pessoas gays que são capazes e militantes de assumir qualquer cargo. Temos que ser realistas, nossa vida esta mudando para melhor por causa de apenas uns poucos travestis, transexuais, gays, lésbicas e bissexuais que estão se empenhando muito para mudar nosso dia-a-dia o resto so esta querendo festa, sexo, droga e afetação.(Brenda Santunioni)
Gabriel Carvalho
Do UOL Notícias, em Salvador
Ela nasceu homem, mas faz questão de não pronunciar o nome de batismo.
Aos 20 anos, assumiu a identidade de Paulett Furacão e se transformou
numa ativista da causa LGBT , que defende os direitos das lésbicas,
gays, bissexuais e transexuais. Agora, aos 25, foi nomeada para o cargo
de coordenadora do Núcleo LGBT da Secretaria Estadual de Justiça,
Cidadania e Direitos Humanos. É a primeira transexual a assumir um cargo
público no governo da Bahia.
Negra, transexual e crescida no
violento bairro do Nordeste de Amaralina, em Salvador, Paulett disse que
os momentos mais difíceis que passou ocorreram na adolescência. “Tive
que abandonar a escola no meio do segundo grau (ensino médio), pois era
um inferno. Sempre gostei de estudar, mas os colegas me batiam,
humilhavam, xingavam... era um verdadeiro inferno”, disse ao UOL por
telefone.
Apesar de contar com a compreensão dos parentes e com o
acolhimento dos amigos e vizinhos, ela disse que era difícil ter que se
vestir e se comportar como homem. “Uma vez, quando tinha 16 anos, meus
pais me levaram para comprar roupas, e para me livrar logo da situação,
chegava a levar diversas peças (masculinas) repetidas para casa.
O
engajamento no combate à homofobia veio após o assassinato do travesti
conhecido como Laleska de Capri, o que fez com que Paulett fosse uma das
fundadoras de uma associação que defende o direito dos homossexuais.
Agora, à frente do núcleo LGBT do governo, ela disse que os desafios
são ainda maiores. “O primeiro é perder esse titulo de única transexual
dentro do governo”, afirmou. “O outro, mais complicado, é obter recursos
para desenvolver as ações dentro do núcleo que assumiu dentro do
governo.”
“Estamos começando, ainda não temos um orçamento, mas
vamos fazer parcerias para promover campanhas de conscientização, fazer
com que as pessoas tenham acesso à informação e levar o combate à
homofobia para as instituições educacionais”, disse.
Paulett lembra
ainda que o preconceito, em muitos dos casos, acaba empurrando
homossexuais, principalmente travestis e transexuais, para a
marginalidade. “As que têm mais sorte conseguem obter um trabalho como
cabeleireira ou manicure, mas a maioria acaba mesmo vivendo da
prostituição. Também queremos ver essas pessoas em funções como
advogadas, jornalistas, administradoras, dentre outras”, afirmou.
“Passo simpático”
Fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), o antropólogo Luiz Mott, afirmou
que a nomeação de Paulett para uma função dentro do governo “é um passo
simpático”, mas alerta que é preciso que sejam tomadas medidas concretas
para o combate à violência contra os homossexuais.
De acordo com
levantamentos anuais realizados pelo GGB, através de registros na
imprensa e de comitês de combate à violência contra gays, lésbicas,
transexuais e travestis, 81 homossexuais foram assassinados no Brasil
até a primeira semana de março.
Ainda segundo o estudo, foram 272
homicídios no ano passado e 260 em 2010. A Bahia é um dos líderes do
ranking de mortes por motivos homofóbicos, o que corresponde a 10% dos
assassinatos registrados em todo o país. Para Mott, são necessárias
campanhas de alto impacto para que as pessoas passem a respeitar os
homossexuais como cidadãos.
O atual presidente do GGB, Marcelo
Cerqueira, disse que a nomeação de Paulett na Secretaria de Justiça do
governo é um ato de importante simbologia e que o próximo passo é
garantir a uma transexual um assento no Conselho Estadual da Mulher.
Se no Executivo Estadual Paulett é foi a primeira transexual a assumir
um cargo público, no Legislativo de Salvador, a dançarina e travesti Leo
Kret do Brasil (PR) foi a primeira a conquistar uma vaga na Câmara
Municipal, ao receber 12.860 votos nas eleições de 2008.
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